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quinta-feira, 4 de agosto de 2011

SOL E LUA Fernanda Pinho

Em momentos mais otimistas, poderiam se considerar dotados de alguma sorte. O universo era infinito, afinal, mas estavam ali, os dois na mesma galáxia. Embora, aos olhos dos outros, ela fosse maior, os dois sabiam que, grande mesmo era ele. Um gigante em diversos aspectos que fizeram dela sua mais fiel admiradora. Uma entre tantas, é verdade. Mas a mais fiel. Uma fidelidade que a fizera totalmente dependente do brilho e do calor dele. E ela nem se importava. Lhe era o suficiente saber que, ao seu modo, ele também a admirava, embora, ou, quem sabe por isso mesmo, ela fosse de fases. Tinha algo de louca, de poesia sem rima. Era inspiradora. Quase uma musa, não fosse pela falta de luz própria. Pena estivessem condenados a tragédia de fazer inveja em Romeu e Julieta. Estes, ao menos, tiveram a chance de morrer juntos. Na história deles "juntos" parecia não existir. Estavam condenados a vagar eternamente, sem nunca se encontrarem. Ou quase nunca. De tempos em tempos (tempo o suficiente para que novas crateras se abrissem nela) eles se encontravam por segundos. Para eles, milagre. Para todo o mundo, eclipse total.

Depois, cada um seguia sua órbita. Ele mal pensava no assunto. Estava ocupado demais sendo o centro do universo. Ela minguava. Se sentia nova. Crescia um pouco com aquilo. E, cheia de amor, torcia para que no próximo encontro houvesse uma pane no sistema que paralisasse os dois no alinhamento perfeito. 






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