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segunda-feira, 21 de junho de 2010

Sobre carta e e-mails


É verdade que muitas coisas me incomodam, a chuva que só cai no dia que eu quero tomar sol, a rosa que só tem alguns dias de vida, as palavras que o tempo leva, a minha memória que sempre me pega. Mas essas coisas meu caro são fenômenos imutáveis, o que me incomoda mesmo são as relações superficiais, as palavras “ Ctrl c + Ctrl v” ninguém recebe mais cartas da avó que está no interior, ou do tio que foi morar no Sul, sinto falta das inicias do remetente “saudações de ti querido amigo” ou “querida neta”. Os carteiros não são mais esperados no portão pela moça, que espera notícias do amado, cheguei a ouvir histórias de carteiros que acabou se apaixonando pela moça que esperava uma carta todos os dias no portão ( algumas vezes a carta não chegou) . Pense comigo, quando foi que você recebeu uma cartinha com as bordas pontilhas de verde e amarelo ou de azul e vermelho com remetência da Alemanha ou de outra cor mas escrito à punho? Hoje os correios só entregam extratos bancários, encomendas via internet entre outras coisas, mas raramente uma cartinha. Acompanhamos a decadência, primeiro um e-mail pessoal, depois um repassado, depois um recadinho nas páginas de relacionamentos...depois... nem isso. Os e-mails se perdem nas caixas postais eletrônicas, papel envelhece, mas está sempre à mão, sem contar na letrinha da pessoa, que agente consegue até perceber a emoção dela quando escreveu . Eu continuo não abrindo mão , nem da caneta, nem do papel, fiéis à minha memória e à tecnologia remota, mas vou confessar, caro leitor, há tempos não recebo nem envio cartinhas, umas por falta de resposta, outras por falta de endereço.

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