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terça-feira, 24 de abril de 2012

Feita de melodia




Quando  não sei o que o pensar,
 ouço música.
Quando não sei o que dizer,
canto.
Quando  não sei por que não sei,
 me faço melodia, mesmo que em uma só nota.
Quando foge o sono,
ouço o silêncio da noite.
Quando não tenho o que falar,
 assovio.
Quando há confusão dentro de mim,
 apenas mudo o tom.

domingo, 15 de abril de 2012

Cheiro de nova estação


Silencioso, com o vento você chegou
Aroma suave nas notas de uma canção.
Flores com cheiro de rosas,  foi o teu riso espontâneo e tímido.
Tantas canções você me trouxe
Ouvidas pelo coração atingiram a alma revigorando-a.


quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Ler devia ser proibido



A pensar fundo na questão, eu diria que ler devia ser proibido. Afinal de contas, ler faz muito mal às pessoas: acorda os homens para realidades impossíveis, tornando-os incapazes de suportar o mundo insosso e ordinário em que vivem. A leitura induz à loucura, desloca o homem do humilde lugar que lhe fora destinado no corpo social. Não me deixam mentir os exemplos de Don Quixote e Madamme Bovary. O primeiro, coitado, de tanto ler aventuras de cavalheiros que jamais existiram, meteu-se pelo mundo afora, a crer-se capaz de reformar o mundo, quilha de ossos que mal sustinha a si e ao pobre Rocinante. uanto à pobre Emma Bovary, tomou-se esposa inútil para fofocas e bordados, perdendo-se em delírios sobre bailes e amores cortesãos.

Ler realmente não faz bem. A criança que lê pode se tornar um adulto perigoso, inconformado com os problemas do mundo, induzido a crer que tudo pode ser de outra forma. Afinal de contas, a leitura desenvolve um poder incontrolável. Liberta o homem excessivamente. Sem a leitura, ele morreria feliz, ignorante dos grilhões que o encerram. Sem a leitura, ainda, estaria mais afeito à realidade quotidiana, se dedicaria ao trabalho com afinco, sem procurar enriquecê-la com cabriolas da imaginação.
Sem ler, o homem jamais saberia a extensão do prazer. Não experimentaria nunca o sumo Bem de Aristóteles: o conhecer. Mas para que conhecer se, na maior parte dos casos, o que necessita é apenas executar ordens? Se o que deve, enfim, é fazer o que dele esperam e nada mais?
Ler pode provocar o inesperado. Pode fazer com que o homem crie atalhos para caminhos que devem necessariamente ser longos. Ler pode gerar a invenção. Pode estimular a imaginação de forma a levar o ser humano além do que lhe é devido.
Além disso, os livros estimulam o sonho, a imaginação, a fantasia. Nos transportam a paraísos misteriosos, nos fazem enxergar unicórnios azuis e palácios de cristal. Nos fazem acreditar que a vida é mais do que um punhado de pó em movimento. Que há algo a descobrir. Há horizontes para além das montanhas, há estrelas por trás das nuvens. Estrelas jamais percebidas.
É preciso desconfiar desse pendor para o absurdo que nos impede de aceitar nossas realidades cruas.
Não, não dêem mais livros às escolas. Pais, não leiam para os seus filhos, podem levá-los a desenvolver esse gosto pela aventura e pela descoberta que fez do homem um animal diferente. Antes estivesse ainda a passear de quatro patas, sem noção de progresso e civilização, mas tampouco sem conhecer guerras, destruição, violência. Professores, não contem histórias, podem estimular um curiosidade indesejável em seres que a vida destinou para a repetição e para o trabalho duro.
Ler pode ser um problema, pode gerar seres humanos conscientes demais dos seus direitos políticos, em um mundo administrado, onde ser livre não passa de uma ficção sem nenhuma verossimilhança. Seria impossível controlar e organizar a sociedade se todos os seres humanos soubessem o que desejam. Se todos se pusessem a articular bem suas demandas, a fincar sua posição no mundo, a fazer dos discursos os instrumentos de conquista de sua liberdade.
O mundo já vai por um bom caminho. Cada vez mais as pessoas lêem por razões utilitárias: para compreender formulários, contratos, bulas de remédio, projetos, manuais, etc. Observem as filas, um dos pequenos cancros da civilização contemporânea. Bastaria um livro para que todos se vissem magicamente transportados para outras dimensões, menos incômodas. E esse o tapete mágico, o pó de pirlimpimpim, a máquina do tempo. Para o homem que lê, não há fronteiras, não há cortes, prisões tampouco. O que é mais subversivo do que a leitura?
É preciso compreender que ler para se enriquecer culturalmente ou para se divertir deve ser um privilégio concedido apenas a alguns, jamais àqueles que desenvolvem trabalhos práticos ou manuais. Seja em filas, em metrôs, ou no silêncio da alcova… Ler deve ser coisa rara, não para qualquer um. Afinal de contas, a leitura é um poder, e o poder é para poucos. Para obedecer, não é preciso enxergar, o silêncio é a linguagem da submisso. Para executar ordens, a palavra é inútil.
Alem disso, a leitura promove a comunicação de dores, alegrias, tantos outros sentimentos. A leitura é obscena. Expõe o íntimo, torna coletivo o individual e público, o secreto, o próprio. A leitura ameaça os indivíduos, porque os faz identificar sua história a outras histórias. Torna-os capazes de compreender e aceitar o mundo do Outro. Sim, a leitura devia ser proibida.
Ler pode tornar o homem perigosamente humano.

Ler devia ser proibido (Guiomar de Grammont) 


Referência bibliográfica: PRADO, J. & CONDINI, P. (Orgs.). A formação do leitor: pontos de vista. Rio de Janeiro: Argus, 1999. pp.71-3.

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Da saudade da rotina




Era natural que uma lágrima rolasse a qualquer hora do dia, timidamente  contida por mera força de moça decidida e que “ sabe” o que quer – Dissera ela: eu não vou chorar por coisas felizes, eu só choro com coisas triste. – É uma ótima atriz, isso sim.
Não bastou chegar a segunda-feira e a sensação de liberdade a deixou meio desnorteada, embora soubesse bem o que tinha a fazer. (e não era pouca coisa).

Uma lembrança boa daquela rotina e logo lhe some a vontade de voar dando espaço para uma imensa nostalgia dos “bom dia”, dos cafés...do biscoitinhos comidos embaixo da mesa,na copa; dos entreolhares que compartilhavam ” segredinhos internos”,  e até da “abelhinha eletrônica “, dos sorrisos, e de tantas coisas que ela mesmo sabia que era peculiar daquela rotina, que por ser rotina  tornavam-se invisíveis, mas por deixar de ser se tornaram extremamente em saudades.

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Poema sem nome


E não importa
Se o dia tá de dia,
Se o dia tá de tarde
Se o dia tá de noite,
Há de amanhecer
Amanhã ser
O dia
Sem ser  tarde
Quem sabe noite seja
É fase.

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Reconfigura-te!


Abre tua janela, Teu armário
Deixa o ar puro e novo te envolver.
Coleciona retratos, e não lembranças.

Lava desapressadamente os teus cabelos
O teu rosto, limpa com algodão. Doce.
Liga o rádio numa nova estação.
Pinta os muros rabiscados

Por trás das nuvens escuras ainda há sol.
Ouve o barulho do mar
As ondas se entregando e se desfazendo como um manto.
Espicha teu corpo na areia. Fita nos céus os teus olhos.
Agradece.

sábado, 12 de novembro de 2011

Eu sei.




Você ainda não sabe,
E mesmo que você se cale
Vou te contar,
Por que eu sei.
Bem diante do seu silêncio
Topei
Diante do impulso
Do abraço
Ficou um espaço,
Entre
O nosso chão

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